As ondas são anjos que dormem no mar, Que tremem, palpitam, banhados de luz... São anjos que dormem, a rir e sonhar E em leito d'escuma revolvem-se nus! E quando de noite vem pálida a lua Seus raios incertos tremer, pratear, E a trança luzente da nuvem flutua, As ondas são anjos que dormem no mar! Que dormem, que sonham- e o vento dos céus Vem tépido à noite nos seios beijar! São meigos anjinhos, são filhos de Deus, Que ao fresco se embalam do seio do mar! E quando nas águas os ventos suspiram, São puros fervores de ventos e mar: São beijos que queimam... e as noites deliram, E os pobres anjinhos estão a chorar! Ai! quando tu sentes dos mares na flor Os ventos e vagas gemer, palpitar, Por que não consentes, num beijo de amor Que eu diga-te os sonhos dos anjos do mar? |
Álvares de Azevedo |
Sentada em minha escrivaninha, viajo em meus pensamentos. E sem querer, pego-me a rabiscar um traço forte dos meus sentimentos. Sentimentos este abençoados, que é farol de minha alma. É que meu coração é como poesia, vive sempre a pulsar. Espero que meu coração jamais se cale. E que tenha sempre um conselho para me dar. Para que eu possa colorir a minha alma de felicidade, e assim cravejar no meu peito, as cores do amor, dos sentimentos e dos sonhos... Dos mais belos dos sonhos. O sonho da vida... A esperança. |
Sarah Janaína Leibovitch |
Talvez um dia você encontre Um menino mais lindo que eu ; Talvez um dia você encontre Um menino loiro de olhos azuis Ou um moreno com corpo sarado ; Talvez um dia você encontre Aquele menino da sua idade E que gosta das mesmas coisas que você ; Talvez um dia você encontre Um menino que não seja tão grudento ; Talvez um dia você encontre Aquele menino que sempre sonhou ; Mas talvez você nunca vai encontrar Um menino que te entenda como eu entendi ; Talvez você nunca vai encontrar Um menino que respeite você como eu respeitei ; Talvez você nunca vai encontrar Um menino que espere o tempo que eu esperei Mas o que você nunca vai encontrar mesmo É um menino que te AME como EU AMEI ! |
Renato Viégas Mendes |
Como acordar sem sofrimento? Recomeçar sem horror? O sono transportou-me àquele reino onde não existe vida e eu quedo inerte sem paixão. Como repetir, dia seguinte após dia seguinte, a fábula inconclusa, suportar a semelhança das coisas ásperas de amanhã com as coisas ásperas de hoje? Como proteger-me das feridas que rasga em mim o acontecimento, qualquer acontecimento que lembra a Terra e sua púrpura demente? E mais aquela ferida que me inflijo a cada hora, algoz do inocente que não sou? Ninguém responde, a vida é pétrea. |
Carlos Drummond de Andrade |
Soberana lucidez que acende a luz quando minha alma escurece Que me traz de volta quando me perco em ilusões corruptíveis Que me levanta dos baixos acentos dos instintos vis.... Que me lava com a mais doce fragrância, indefesa criança que sou. Soberana lucidez que protege meus pés Que abençoá minha boca Que aquece meu coração... Soberana que conduz minhas mãos nos abraços e afagos Soberana Lucidez que tranca meu coração das paixões infelizes Que ilumina meus olhos das falsas aparências Que aguça meus ouvidos contra as doces palavras vazias Que me diz o que é verdadeiro. Soberana Lucidez que guia meu coração e guarda minha alma. |
Lobo |
Queria eu ser eu. Simplesmente eu. Num mundo só meu. Mas como todo mundo, vivo num mundo com todo mundo. Correria pra cá, reunião pra lá. Que mundo sem fundo ou que fim de mundo. Que complicado. Por isto quero o meu mundo. Pois neste outro mundo. Todo mundo pisa no chão de todo mundo. Resultado, todo mundo fica sem o chão do seu mundo. Já falei é muito complicado. Por isto quero meu mundo. Mas você, você e você têm que fazer parte do meu mundo. Aquele mundo quadrado de antigamente. Mas que éramos felizes. Você desenhava e eu animava. Eu te beijava. Você suspirava. Você me olhava. Eu te abraçava. Era assim que éramos felizes. O que aconteceu? Quem de nós cresceu? Você ou eu... Não sei... Acho que fui eu... |
Kbeck |
Deus criou as pessoas para amar Os planetas para girar. O sol para aquecer As flores para nascer. As estrelas para brilhar A lua para sonhar. Os cosmos para imaginar Os amigos para cuidar. A grandeza para buscar No espaço flutuar No infinito pensar No que pode existir por lá. Questões a Perguntar O "Por que" de não existir vida em outro lugar. Um ambiente tão diferente e tão confuso Um sistema tão imaginário e tão oculto O "Por que" de no espaço sermos os únicos. |
Valeska Rodrigues |
